Caro colega,
se estou lhe mandando este email é porque, em algum momento de nossa
convivência, acreditei que você se interessaria pela ideia que
proponho a seguir. Peço que leia com atenção todo o texto que segue e
que, ao término, me responda dizendo sinceramente o que pensa a
respeito, críticas e sugestões.
Revisando meus pensamentos na tarde passada, cheguei a conclusão de
que, não sem motivo, considero a minha própria geração demasiadamente
alienada a respeito de assuntos políticos, econômicos, culturais,
religiosos, polêmicos enfim.
Considero, do fundo da minha mente e coração, com enorme tristeza, uma
juventude de velhos. De pessoas que se acomodam, enquanto deveriam
lutar; que se calam, quando deveriam gritar; e que aceitam
passivamente ao passo em que, acredito, poderiam reivindicar muito
mais.
Eu sou um destes. E você também. Muitas vezes discutimos assuntos que
são sim de interesse nacional mas, na esmagadora maioria das vezes (eu
diria todas, mas não poderia me recordar com clareza de todas as
nossas conversas) a conclusão foi a mesma: "O Brasil é foda!"; "Agora
é ver no que vai dar"; "Isto é injusto!". Isto nunca será uma
conclusão.
Posso ter perdido o juízo mas, por algum motivo, acredito piamente
que, se chegamos a uma conclusão neste tipo de discussão nós fizemos
valer a nossa vontade ( e isso inclui ação) ou então mudamos de ideia.
O fato é que encerramos nossas discussões nos dando por vencidos!
Vítimas do sistema! Não agimos! Nossas ideias não saem do papel! Se
aumentam o preço do ônibus ouvem-se alguns comentários mas, no final,
papai paga um pouco mais "Fazer o que, né?! Se pretendem impedir
menores de sair às ruas após a meia noite, nesse caso nem murmúrios se
ouve. É um assunto desconhecido. Vamos saber dele quando não tiver
como voltar atrás. Quando for definitivo. Quando tiverem tomado a
decisão por nós. Nossa vida mais uma vez manipulada!
Caros amigos, a raiva que sinto nesse momento de mim e de cada um de
vocês é enorme. Gostaria de berrar nos ouvidos de cada um e nos meus
próprios, mas não vou. Vou tentar de outra maneira. Vou propor uma
ideia. Ainda acredito nas ideias.
Eu os convidaria solenemente fosse esta a necessidade, mas não é.
Gosto de pensar que é também de seu interesse mudar tudo. Melhorar o
mundo, por que não?! E por isso uso apenas um texto medíocre,
desatento às normas gramaticais, preso, no entanto, hirto, fixo ao
conteúdo. Espero que me entendam.
Eis, enfim, o que pensei para mudar: criemos um grupo de discussão!
Sim, mais discussões. Mas um grupo comprometido com a prática,
comprometido com o reconhecimento de seu próprio valor na sociedade,
com seus principios!
Este grupo na ideia original que tive deveria levar suas conclusões às
casas públicas. Publicar em jornais. Escrever artigos e atingir os
diversos meios com suas ideias para que se difundam, para que os
demais se identifiquem e se politizem.
Não estou fundando um partido político! Muito menos me filiei a algum.
É uma ideia sem pretensões particulares.
Peço sua ajuda! Me diga como levar isto a cabo. Como criar este grupo.
Dentro ou fora da escola? Deveriamos ter reuniões? Deveriamos?
Deveriamos?
.....
A raiva ardente é infelizmente passageira em todos nós. E, quando ela
se vai, nossos próprios princípios parecem não valer a pena. Deixemos
como está!
.....
Se estiver certo, eu escrevi até demais. Confio em vocês. Confio que,
na verdade, não precisariam ler tanto para reconhecer esta realidade.
Mas o fiz e não volto atrás.
Aguardo ansiosíssimo por respostas. Por xingamentos. Por oposição ou alianças!
PEÇO DESESPERADAMENTE QUE, AO MENOS, NÃO DEIXEM DE EXPRESSAR ALGO!
--
Yagho Toledo
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